Programadores Juniores e Seniores – Precisamos uns dos outros!

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Diante algumas recentes discussões sobre a interação entre ambos, a empatia é a melhor forma de se lidar.

Antes de mais nada, pergunto: cabe ao sênior o trabalho de ensinar ou ao júnior a iniciativa de ir atrás e tentar se virar sozinho, deixando para perguntar em último caso?

Estamos em um mundo cada vez mais polarizado, grupos extremistas defendem com unhas e dentes seus lados e isso acaba fazendo com que ambos andem na contra-mão do que realmente importa: precisamos uns dos outros.

Não me considero ainda um programador/desenvolvedor sênior, embora eu esteja na área há exatos 10 anos, acho ainda um tempo curto, e não há dúvidas que existem devs por aí com menos de 20 anos que dominam linguagens e frameworks para os quais eu sequer tenha escrito um ‘hello world’. No entanto, o que pode me aproximar de algo compatível com a tratativa sênior seja a vivência, ou uma certa maturidade profissional em como vejo as tecnologias, os hypes, onde decidir focar, e como e qual ferramenta usarei para solucionar problemas.

Sempre olho com muito carinho pro início da minha carreira, tive a sorte e privilégio de trabalhar em empresas e conhecer profissionais que me ajudaram e que, com certeza, contribuíram para o profissional que sou hoje. Lembro claramente de quando era estagiário e os devs sêniors mais experientes vinham na minha mesa para fazermos pair-programming e me ajudar com as dúvidas e problemas que estava enfrentando, e nunca me esquecerei disso. Também já tive o prazer de estar nesta posição, ajudando os mais novos em determinadas situações, e acredite, aprendi 2x ao compartilhar o que sabia.

Uma via de mão dupla

Na nossa jornada de solucionadores de problemas que utilizam código como meio sempre, SEMPRE, será uma via de mão dupla entre o aprendizado e o compartilhamento. Haverão momentos de vida em que aprenderemos mais, outros ensinaremos mais, e isso pode e vai variar conforme o passar do tempo, conforme você embarca em uma linguagem ou tecnologia nova, e o processo sempre será enriquecedor.

Aliás, uma das coisas que contribuem muito para que esta jornada seja ainda mais recompensadora são as comunidades, pois retratam bem este papel. Nelas há pessoas em diversos momentos, uns começando e outros já há um tempo, e as discussões e contribuições sempre são extremamente enriquecedores, ainda mais quando o assunto em questão são tecnologias open-source.

Quando comecei neste mundo da programação, um dos fatores que me motivou a iniciar este blog 10 anos atrás foi a comunidade em que eu estava envolvido, inclusive neste primeiro post de inauguração eu menciono alguns nomes de pessoas que eu as admirava, e ainda admiro, que compartilhavam, ensinavam e davam exemplo de desenvolvedores experientes que se preocupavam com quem estava começando. E isso é uma das coisas que acho fundamental pensarmos, que exemplo estou deixando aos mais novos? Como que o meu comportamento atual pode influenciar na maneira que os mais novos hoje lidarão com os mais jovens de amanhã?

Pesquise, mas também pergunte

Não há mal algum em perguntar, muito pelo contrário, são questionamentos que iniciam discussões, ampliam horizontes e nos fazem até questionar por mais questões, sendo assim um exercício de ressignificar o que somos e sabemos, diante isso, você, sendo um iniciante na área de desenvolvimento de software (ou qualquer outra): nunca se envergonhe de perguntar, pergunte sempre, e mesmo que as suas experiências sejam negativas diante quem se posiciona contra, isso é algo que não deve ser contido, mas sim estimulado. É da natureza humana querer saber das coisas, e não existe mal neste ato. Ora, quem já nasce sabendo algo?

Pergunte, mas também pesquise

Mesmo sabendo da importância de perguntar, é interessante que tenhamos conosco o ímpeto de também saber pesquisar, sendo esta inclusive uma das habilidades que os mais experientes devem ensinar aos mais novos; sobre como pesquisar, melhores maneiras de irem atrás de como solucionar um problema.

Que também seja ensinada e exercitada a humildade, tanto de quem pergunta como de quem responde, porque um vai precisar do outro, seja hoje ou amanhã.

Pergunte e pesquise

Já tive experiências positivas e negativas nos dois lados da moeda, seja perguntando e tomando uma se tinha pesquisado, seja pesquisando por horas, até dias, e depois de ter perguntado (e perguntado o motivo de não ter feito isto antes), resolvido em 5 minutos de troca de idéias. Mas preciso ressaltar que em todas as vezes que meu aprendizado foi extramente consolidado foi quando estive em discussões com outros profissionais, fossem eles mais ou menos experientes que eu, fosse eles perguntando ou respondendo. É indiscutível que trabalhar em equipe é extremamente enriquecedor, e independente de sermos sêniors ou júniors, é isso que nos fará consolidar o que sabemos e crescer profissionalmente e pessoalmente.

Somos melhores unidos

Acho a esta altura do texto ficou claro o quanto precisamos uns dos outros, o quanto enriquece ambos os lados o fato de questionar, responder, compartilhar, ensinar, e estarmos do mesmo lado. Somente assim alcançaremos o objetivo proposto melhor, mais rápido, e acima de tudo tornando o processo muito mais agradável e memorável a todos.

Empatia e respeito são peças chave para que nos relacionemos, isso é básico e não deveríamos nem precisar enfatizar o quão importante são para que consigamos viver em harmonia na sociedade, e neste caso, em nossa área de atuação.

Deixo uma pergunta aos mais experientes, sêniors:

Qual o exemplo que você quer deixar na vida de uma pessoa? Deseja ser lembrado como alguém que contribuiu positivamente para o crescimento dela, e que isso se torne um exemplo de geração em geração de profissionais? Que tudo que você aprendeu seja compartilhado e mais pessoas sejam beneficiadas? Ou prefere sequer ser lembrado, ou pior, lembrado como alguém arrogante, prepotente e que deixou marcas negativas em alguém?

Ensine, seja direcionando e clareando o raciocínio de alguém diante de uma questão técnica sobre como chegar a algum ponto ou solucionar um problema, como também ensinando como pesquisar e as mais variadas formas de se chegar a um resultado.

E aos colegas mais novos e/ou recém chegados a área:

Vocês serão sêniors um dia, e mesmo que tenha tido algum trauma ou experiência negativa com alguém mais experiente que você, não continue isso, quebre esta cadeia. Seja para os outros aquilo que você olha hoje e gosta como são para vocês. Compartilhe, ensine, desenvolva pessoas para continuarem construindo aquilo que está fazendo hoje.

Infelizmente há pessoas ou grupos que detém o conhecimento, e seja por medo ou por dar continuidade a como foram negativamente impactados, acabam por continuar este ciclo, sem se dar por conta o quão nocivo é isto a todos a sua volta, inclusive a si mesmos.

Eu sei que é difícil, mas perdoe estas pessoas, siga adiante, dando seu melhor, compartilhando, ensinando e contribuindo para que mais pessoas no futuro te olhem como referência e exemplo, para que isso seja continuado.

Na prática

Eu sei que no cotidiano, com um backlog gigante, em grandes empresas ou startups, nem sempre temos todo o tempo do mundo para parar, ensinar, perguntar, muitas vezes o extreme go horse impera e aflora os ânimos de todo mundo, mas é algo estressante para ambos os lados, seja os mais experientes tendo de lidar com decisões importantes, gerenciar pessoas, lidar com prazos apertados, como também para o iniciante, que está acompanhando tudo aquilo e com receio ou se culpando por não conseguir colaborar como deveria, com dúvidas e etc.
Ou seja, é delicado para ambos, e mais uma vez: a empatia deve ser extremamente colocada em prática para que um consiga sentir o que se passa na pele do outro e querer agir como gostaria que fosse realizado contigo.

Mais ou menos experientes, devemos entregar valor! Mas a maneira como nos relacionamos e nos desenvolvemos realça o valor gerado e obtido ao longo de todo o processo.

E você, qual sua opinião sobre o assunto?